sábado, 24 de julho de 2010

MILLION DOLLAR BABY - "Menina de Ouro" (Clint Eastwood, 2004).

Post publicado originalmente em 24 de Março de 2005.


A regra é sempre a mesma: no início de ano, após a leva dos grandes "arrasa-quarteirões" (os filmes de ação que disputam os maiores número de bilheteria nas férias), a indústria cinematográfica concentra-se na produção de filmes "levados à sério". Obras que realmente demonstraram um esforço e seriedade em sua realização - que fizeram platéias ao redor do mundo se emocionarem, críticos se entusiasmarem para finalmente, deixarem sua marca na história e nas prateleiras das videolocadoras.

SANGUE, SUOR e LÁGRIMAS:
Quando assistir Menina de Ouro, pense em suas próprias razões de ir ao cinema. Caso queira realmente se divertir e relaxar, busque outro filme. A maioria das pessoas que comparece às salas de cinema, buscam uma  fuga da realidade, e não engolir a seco mais dela; ela incomoda, e poucos são aqueles que assistem religiosamente a documentários.
Afinal, um filme cuja estória sobre um pai frustrado, Frankie Dunn (Clint Eastwood), dono de uma academia de boxe e uma garota que passou a maior parte de sua vida sendo uma garçonete, possa não atrair muito público.
Mas já em seu início, lá está uma alguém para nos guiar e fazer sentir confortáveis durante o filme: Scrap (Morgan Freeman) é um lutador aposentado, responsável pela gerência da academia de boxe. Sua presença se faz mais forte quando ouvimos sua voz, perfeitamente unida à imagem.
Maggie Fitzgerald (Hilary Swank, de volta ao ranking de melhores atrizes da atualidade) é a humilde garçonete e impulsora dos eventos que seguem na estória, buscando com toda a vontade, energia e garra de sua vida, ter sucesso como boxeadora - a única coisa que ela que possui quando não há mais nada para se agarrar. Frankie complementa o trio carismático dos personagens - é um desesperado, porém excelente treinador cd boxe preso no corpo de um pai que não consegue entrar em contato com sua filha e questionador dos desígnios divinos.

O filme é construído através destes três personagens e suas vidas, não de situações. Maggie vê em Frank o treinador que poderá levá-la ao título - ao seu primeiro milhão de dólares, mas ele se mostra teimoso e até preconceituoso só de olhá-la treinar. Mas logo percebe-se de que material Maggie é feita. Scrap reconhece sua dedicação e convence o amigo à treiná-la.
Sim, você irá ter um gosto do mundo boxe feminino. Sangue e um pouco de violência; mas além disso, é possível enxergar isso tudo como uma arte pelos olhos destes três personagens, pela sua paixão pelo esporte.
Este é o mérito de sua realização.

O desfecho do filme não possui clímax, pois o mesmo passou diante dos seus olhos enquanto você poderia imaginar como a estória terminaria. Pensando bem, não o assista. Apenas observe seus personagens.

Mas não se engane que este é somente um filme de uma garota que luta boxe.

Um comentário:

André L. Santana. disse...

"Os Imperdoáveis" foi um marco em minha vida; comecei a levar o Sr. Eastwood mais a sério. A carga dramática em seus filmes não é exagerada.